A introdução da ICSI, em 1990, como uma nova técnica de reprodução assistida proporcionou aos casais, nos quais a infertilidade estava relacionada com alterações graves no sêmen, a possibilidade de ter filhos, anteriormente descartada com a FIV convencional.
O procedimento de ICSI, diferente da FIV convencional, em que são necessários 200.000 espermatozoides por óvulo, consiste em introduzir um único espermatozoide dentro do óvulo através de uma fina agulha (Figura 2). Os espermatozoides são avaliados através de um microscópio, selecionando-se o espermatozoide com melhor motilidade e aparentemente com morfologia normal. A fertilização, então, ocorre em laboratório e os embriões são transferidos depois para o útero.
As etapas, então, do tratamento de ICSI (Figura 1) são:
- Estimulação da ovulação: utiliza-se hormônios para estimular a produção de vários óvulos maduros. A paciente tem acompanhamento através de ultrassonografias transvaginais e dosagens hormonais no sangue, de forma a controlar os efeitos dessa estimulação e definir o melhor dia para a coleta dos óvulos;
- Coleta de óvulos: é realizada através de punção dos ovários com agulha acoplada em uma sonda de ultrassom vaginal, sob sedação. Os óvulos, que se encontram no líquido folicular aspirado, são encaminhados ao laboratório de embriologia;
- Capacitação: é realizado o processamento do sêmen para injeção de um único espermatozoide em cada óvulo;
- Injeção: os óvulos obtidos são injetados com um espermatozoide, através de uma fina agulha (Figura 2 e vídeo);
- Fertilização: no dia seguinte é feita a confirmação do número de óvulos que foram fertilizados e a partir desse momento inicia-se o desenvolvimento do embrião no laboratório (Figura 3);
- Transferência: a transferência desses embriões para a cavidade uterina da mulher é realizada entre 2 a 6 dias após a coleta dos óvulos, através de um fino cateter, guiado por ultrassom;
- Exame de gravidez: 14 dias após a coleta dos óvulos, a dosagem de beta-hCG no sangue na mulher é realizada para confirmação da gravidez;
Esta técnica é indicada:
- Nos casos de fator masculino grave, quando a quantidade de espermatozoides é muito baixa ou ausente na ejaculação, podendo ser obtido através da extração direta dos testículos e epidídimos;
- Homens que tenham feito vasectomia;
- Homens que tenham ejaculação retrógrada;
- Nos casos de falhas repetidas na fertilização após a FIV convencional;
- Na presença de altas concentrações de anticorpos antiespermatozóides;
- Casos de amostras criopreservadas de sêmen ou óvulo;
- Idade materna avançada.
Milhares de crianças já foram concebidas através de ICSI, indicando ser uma técnica segura.
