As mudanças que transformaram a sociedade nos últimos 50 anos provocaram uma revolução nos papeis sociais feminino e masculino. O homem precisa se reinventar, uma vez que a mulher descobre pra si, outras realizações que não só a de reprodutora. Isso, juntamente com o aumento da expectativa de vida, acabou postergando o desejo pela maternidade, o que muitas vezes entra em descompasso com o tempo biológico de seu corpo.
Dessa forma, quando a mulher, por algum motivo, não produz óvulos de boa qualidade, ela tem como possibilidade receber óvulos doados.Esse tratamento favorece um grande número de mulheres que apresentam menopausa fisiológica, prematura ou incipiente, ou ainda as que são portadoras de doenças genéticas, dentre outros.
A maioria das mulheres que decidem doar óvulos o faz por razões altruístas, ou seja, vontade de ajudar o próximo. Isso é reforçado por diminuir o custo do seu tratamento. (vide código de ética médica RESOLUÇÃO CFM n0. 2168/2017)
Pelo lado da receptora, inicialmente há certa dificuldade em concordar com a opção de receber o óvulo de outra mulher. Nestas situações, a sugestão de receber óvulos doados ganha dois significados: a esperança em poder ter o tão desejado filho versus a frustração em não ter um filho geneticamente parecido com a mãe. Contudo, após as diversas tentativas de engravidar – que levam à grande desgaste físico, emocional e financeiro -, esta opção torna-se, aos poucos, aceita.
A questão da receptação de óvulos doados pode ocasionar conflitos entre os cônjuges, já que, em algum momento, eles terão de decidir se revelam ou não para o próprio filho e para a sociedade o uso da técnica FIV com óvulos doados. Trata-se de uma decisão difícil que requer um acordo entre os membros do casal. Esses conflitos precisam encontrar um profissional, que propicie um espaço de elaboração antes da decisão final e do início do tratamento.
É importante ressaltar a discussão que se tem a respeito do conceito sobre maternidade e paternidade. Não será a informação genética contida nos gametas que determinarão a descendência dessa nova vida que tem a possibilidade de se iniciar. Mas o desejo e o exercício da maternidade e da paternidade. Isso, sim, institui os princípios de vinculação e de pertencimento familiar, fundamentais à saúde psíquica do ser humano.