Consulta e Tratamento da Endometriose
Complexa e de etiologia desconhecida, a endometriose tem como principal característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste a parte interna do útero, fora da cavidade uterina.
Os locais mais comuns são os ovários, tubas uterinas e ligamentos que sustentam o útero, embora também possa crescer na cavidade abdominal e na pélvica e mais raramente nas membranas do pulmão ou coração.
Existem diferentes tipos de endometriose, classificados a partir de critérios como localização das lesões, profundidade e grau de comprometimento dos órgãos afetados, que também interferem na manifestação de sintomas. Nos estágios iniciais, a endometriose provoca poucas alterações na saúde feminina e geralmente é assintomática, dificultando o diagnóstico.
O desenvolvimento do tecido ectópico, entretanto, causa um processo inflamatório e o aparecimento de diferentes sintomas. A infertilidade surge como consequência de estágios mais avançados da doença.
No entanto, embora seja uma doença crônica, na maioria dos casos pode ser tratada.
Tipos de endometriose e sintomas de cada um
A classificação da endometriose considera critérios como localização, quantidade, profundidade e grau de comprometimento dos órgãos afetados.Os sintomas são semelhantes aos manifestados durante o período menstrual, uma vez que o tecido ectópico, da mesma forma que o endométrio, reage aos mesmos hormônios. Os mais comuns são sangramento e cólicas severas, antes e durante a menstruação. Durante a menstruação, portanto, tendem a intensificar o fluxo menstrual e aumentar a severidade das cólicas.
Como a endometriose afeta a fertilidade?
A endometriose provoca diferentes problemas que podem comprometer a fertilidade, como alterações na qualidade e produção dos óvulos, como resultado da presença de endometriomas ovarianos, e na receptividade endometrial, provocando falhas na implantação do embrião.Ao mesmo tempo, a formação de aderências pode inibir a liberação do óvulo, assim como a captação dele pelas tubas uterinas.
Como diagnosticar a endometriose?
Além dos sintomas, alguns sinais de endometriose podem ser percebidos durante o exame ginecológico de rotina. Entre eles, aumento no volume dos ovários, nódulos palpáveis e lesões violáceas na vagina.Para confirmar o diagnóstico e determinar a localização das lesões, são posteriormente realizados diferentes exames de imagem. Os mais comuns são: ultrassonografia e ressonância magnética (RM).
O diagnóstico também considera os mesmos critérios de classificação da endometriose: localização, quantidade e profundidade, além da presença de endometriomas ovarianos. Já as chances de gravidez são determinadas a partir do grau de comprometimento, idade da mulher, tempo de infertilidade, gravidez anterior e funcionamento dos órgãos reprodutores.
Os resultados é que determinarão o tratamento mais adequado para cada caso.
Tipos de Endometriose e sua relação com a infertilidade
Tratamentos indicados para endometriose
Quando a endometriose ainda está em estágios iniciais, geralmente são administrados medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para aliviar a dor. Contraceptivos orais combinados com estrogênio e progesterona também contribuem para reduzir o sangramento e aliviar a dor, além de inibirem o crescimento do tecido endometrial ectópico.No entanto, o tratamento depende do planejamento familiar da mulher. Se ela quiser engravidar – e a gravidez reduz os sintomas da endometriose e pode curá-la temporariamente –, os contraceptivos não serão uma opção.
Além disso, os medicamentos poderão ser utilizados no máximo por até 12 meses. Se não houver melhora, a recomendação passa a ser cirúrgica.
A cirurgia é realizada por videolaparoscopia, técnica que possibilita a extração completa dos focos de tecido ectópico. Conta com o auxílio de uma endocâmera, que possibilita o acompanhamento do procedimento em tempo real por um monitor, proporcionando a retirada completa do tecido sem afetar os órgãos.
A extração do tecido também deve ser feita nos casos em que a endometriose provoca sintomas mais severos ou quando endometriomas e aderências provocam obstruções nas tubas uterinas.
O percentual de gravidez natural é bastante expressivo após a remoção do tecido endometrial ectópico. Quando isso não acontece, a indicação passa a ser o tratamento pelas técnicas de reprodução assistida.
O coito programado e a inseminação intrauterina são técnicas de baixa complexidade, recomendadas para mulheres com endometriose mínima ou leve ainda nos estágios iniciais. No coito programado, no entanto, as tubas uterinas e espermatozoides devem estar saudáveis, pois a fecundação ocorre de forma natural.
Já a inseminação intrauterina possibilita também o tratamento quando há pequenas alterações nos espermatozoides. Eles são selecionados mediante técnicas de preparo seminal e os melhores são inseridos em um cateter e depositados no útero durante o período fértil.
A FIV (fertilização in vitro), por outro lado, é de alta complexidade. É indicada para os casos de endometriose moderada ou grave, que geralmente provocam danos nas tubas uterinas, e de endometriose ovariana cística (endometriomas), ou quando não houver sucesso nos tratamentos anteriores.
Na FIV, a fecundação ocorre em laboratório. Os embriões, após serem cultivados por até seis dias, são transferidos para o útero. Isso pode ser realizado com embriões em D3, entre o segundo e terceiro dia, e em estágio de blastocisto, entre quinto e sexto dia, mais indicado atualmente.
Embora as técnicas de baixa complexidade proporcionem bons índices para o sucesso da gravidez, na FIV o acompanhamento de todo o processo de fertilização e o auxílio de técnicas complementares ao procedimento possibilitam percentuais mais expressivos.
Endometriose não deve ter sintomas desprezados e o diagnóstico precoce é fundamental, saiba mais: